← Back to portfolio

Batalha de RAP surpreende e lota sala casperiana na Semana da Comunicação.

Published on

Algumas casperianas inseriram uma parcela do movimento underground originado nos Estados Unidos, dentro do prédio da Avenida Paulista 900. O movimento em questão era o hip hop, mas a parcela inserida foi a batalha de rap. A ideia das alunas, Ana Beatriz Azevedo, Beatriz Issler, Bruna Cortello, Giovanna Galvani e Julia Zayas, era realizar uma oficina dentro da Semana da Comunicação, evento que visava a integração entre os cursos da universidade. A oficina lotou a sala 3.09 de casperianos empolgados com a batalha que contava com quatro participantes, ocorrendo duas semifinais e uma grande final.

Os rounds eram disputados da seguinte forma; dois mc’s se enfrentavam em rounds de 30 segundos, para cada um, no qual cada artista tinha o direito de ataque e resposta. Para sair vencedor do embate era necessário vencer dois rounds, os dois primeiros contavam com temas escolhidos pelo público, representatividade negraprivatizaçãolegalização da maconhaviolência e ações policiais, foram alguns dos temas sugeridos pelo público. Em caso de empate o terceiro round seria resolvido no sangue (os mc’s ficam livres para atacar e se defender, sem tema específico).

Antes do início da batalha, as organizadoras casperianas já deixaram claro de que o rap é, muitas vezes, a única voz da comunidade periférica e por esse motivo, todos refletissem o fato de estarmos numa faculdade particular, em plena Avenida Paulista, sob o ar condicionado de uma sala de aula. Entretanto isso era algo importante para o evento, trazer um pouco da cultura de outros lugares para dentro da universidade.

O grande campeão do evento foi um casperiano que não é aluno, nem ex aluno, o Mc Dezoti trabalha na faculdade diariamente e viu o panfleto convidando todos a participarem, na porta do banheiro. O funcionário revelou ter iniciado nas rodas de rima há aproximadamente um mês em um evento que ocorre próximo ao Hospital Campo Limpo, denominado por ele como sua “quebrada”. Dezoti, quando soube da batalha, estava com receio sobre a permissão para sua participação pelo fato de não ser aluno e sim funcionário. Porém, qualquer barreira criada em sua imaginação foi quebrada quando começou a rimar. Com um “flow” muito rico e rimas versáteis o mc venceu seus dois desafios conquistando os dois primeiros rounds, não deixando nenhuma margem de dúvidas ao público.

A final ainda contou com algo que a tornava ainda mais especial. Tratava-se da participação da Ana Beatriz Albano, também casperiana, a qual realizou uma grande apresentação de beatbox enquanto os artistas mandavam suas rimas, elevando ainda mais o nível do evento. A batalha ainda contava com premiações para o primeiro, segundo e terceiro lugar, porém, a organizadora e apresentadora MC Fissu, Ana Beatriz Azevedo, sugeriu que a premiação de terceiro lugar deveria ser dada à casperiana responsável pelos beatbox, a sugestão da mc agradou a todos, inclusive ao público presente que apoiou a ideia sugerida.

Em uma conversa após o evento a organizadora Beatriz Issler disse que esse não é o primeiro projeto universitário envolvendo o rap. Com a experiência de ir em outras batalhas de rima pela cidade, a casperiana tinha como intuito levar um pouco do movimento hip hop para uma universidade, ainda mais sendo uma instituição particular e a recepção do projeto pela parte dos alunos que abraçaram a causa  “colando em peso” foi algo que a deixou muito emocionada. Ao entrar na sala e se deparar com o espaço cheio, antes do início do evento, Beatriz disse estar muito feliz e como aquela sala cheia já significava muito a ela. Aproximadamente entre 40 e 50 espectadores, visto que houveram casos de outras oficinas e palestras que não foram realizadas pela falta de procura dos alunos.

A batalha de rap foi realizada por uma equipe 100% feminina e quando perguntadas sobre a sensação de um evento de rap, que infelizmente ainda é um ambiente extremamente machista, ser organizado por mulheres. A resposta foi curta, clara e acompanhada de risadas, de satisfação e orgulho pelo trabalho realizado, “Eu acho que eu me sinto foda”.

“Nós também somos o hip hop, vocês vão ter que aceitar o bagulho, vão ter que engolir a gente! ”.

Ainda sobre o assunto de desigualdade de gêneros dentro do rap, a aluna Beatriz revelou não se enxergar como mulher organizando uma batalha e sim o rap se propagando para ambientes que antes não habitava, como uma faculdade privada. A casperiana Bruna, também organizadora, afirmou que ainda faltam atividades culturais dentro dos eventos da Cásper, mas completou dizendo que a batalha foi um grande primeiro passo e aos poucos o movimento vai crescer dentro da universidade.

Quando questionada sobre possíveis futuras edições, Beatriz declarou “A galera está me pedindo, eu não imaginava que isso ia acontecer...”. Ela também organizou o Sarau, relizado na terça feira, evento que também estava inserido na programação da Semana da Comunicação. A aluna relatou que o evento do início da semana contou com menos casperianos, muitos ainda tímidos em expor suas artes, mas ainda assim incentivaram mais edições.